domingo, 17 de fevereiro de 2013

Espaçonave dos Sonhos


Quando a gente chega numa idade em que o futuro se vislumbra menor do que o passado, muitas coisas nos vêm à mente, principalmente os nossos sonhos. Isto pode trazer alegria a alguns, pois conquistaram seus sonhos, e tristeza a outros por não os terem realizado. Existem sonhos que no imaginário de uma criança seriam o ideal, porém, com o nosso crescimento, em estatura e espiritualidade, começamos a perceber que certas aspirações nos serviram apenas para manter os sonhos vivos e nos motivaram a buscar, dentre os inúmeros sonhos, aqueles que nos fariam completos em nosso “universo” particular. Pode ser absurdo, mas eu creio que os nossos sonhos, como o Universo, são infinitos.
Uma frase de Wernher Von Braun (pioneiro na construção de foguetes) fez muita gente sonhar: “O foguete deverá libertar o homem de suas correntes, as correntes da gravidade que ainda o amarram neste planeta. O foguete irá abrir os portões do céu”. Um dos meus sonhos de criança era ser astronauta. E, para tanto, na minha mente infantil, precisaríamos de uma espaçonave, um foguete que nos levasse ao espaço. Para isso, contei com a ajuda do meu grande amigo de infância Carlos de Vasconcelos Ehalt; um amigo fiel que viajava no mesmo sonho. Tentamos colocar nossa imaginação em ação e, para tanto, em uma laboriosa “empreitada tecnológica”, resolvemos construir um foguete. Morávamos em Castro-PR e o quintal da casa dele passou a ser o nosso “Centro Espacial de Houston”. Nos nossos sonhos voaríamos naquele foguete e faríamos história. Não saímos do chão, mas o “foguete grandioso”, em madeira e ferro velho, saiu do sonho para a realidade para orgulho nosso. Alcancei meu objetivo, (de construir um foguete) embora o artífice e construtor do “bólido espacial” tenha sido muito mais meu amigo Carlos.

Acho uma delícia lembrar-me daquele tempo, em que para nós tudo era possível. Ficávamos maravilhados diante de tão magistral construção. Voávamos em nossos pensamentos e sonhos. Queríamos manipular o magnífico painel de instrumentos da espaçonave que havia sido equipado com modernas tampas de garrafas, parafusos e pregos tecnológicos que nos dariam condições de atravessar o vácuo que nos separava do espaço sideral. Sonhávamos e críamos que tudo isso seria possível. Porém, um dia, meu amigo Carlos me avisa de algo inconcebível; tínhamos sido atacados por “terroristas”, invejosos, quem sabe de algum país longínquo, ou mesmo outro planeta, que destruíram, em parte, a nossa obra colossal. Painel danificado, instrumentos de “precisão”, roubados! Uma catástrofe! Queríamos nos vingar e assim o fizemos, (vingança infantil), mas isso fica para outro artigo. Nosso sonho começou a se desmanchar.

Hoje vejo aquela experiência como algo que usei para aprender. A começar pelas palavras de Wernher Von Braun, pois entendi que os foguetes poderiam nos libertar da atração gravitacional da Terra, mas nunca poderiam nos abrir os “portões do céu”, como hoje eu creio que será possível, por outro caminho, é claro. Outro aprendizado que ficou foi a certeza de que podem tentar derrubar nossos sonhos, mas, sempre é tempo de reconstruir e Deus só espera o nosso aceno para abençoar a reconstrução. Gosto muito da música Os sonhos de Deus de Ludmila Ferber http://www.youtube.com/watch?v=-mH5thUFq7M . Creio que essa música lembrou a muitos que os sonhos podem renascer.

Não viajamos literalmente naquele foguete, porém, transcendemos os nossos conhecimentos ao sonharmos com as viagens interestelares. E assim é nossa vida, os sonhos nos impulsionam a buscar o que ainda não alcançamos. Carlos é hoje um Geólogo e eu um Farmacêutico. Cada um, na sua nova profissão (depois da de astronauta), pôde romper com barreiras do desconhecido e entrar no conhecimento científico que cada uma das profissões abre. Creio que, como eu, o Carlos continua a viajar nos sonhos, pois eles nunca morrem. Para o cristão nem a morte consegue cessar os sonhos, pois nela, o céu não fica longe, ele passa a ser a nossa morada. Vivemos como quem sonha, como diz a Bíblia: “Quando o SENHOR trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham. Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cântico; então se dizia entre os gentios: Grandes coisas fez o SENHOR a estes. Grandes coisas fez o SENHOR por nós, pelas quais estamos alegres”.

Salmos 126:1-3.




Gosto de um pensamento George B. Shaw: “Alguns homens vêem as coisas como são, e dizem 'Por quê? ' Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo 'Por que não?”. Quando agimos assim buscamos o novo e damos asas aos sonhos.

2 comentários:

  1. Pianowiski, acho que poucos tiveram a honra de OUVIR essa historia contada por você. Estávamos eu, você é a Isa, voltando de Houston pra Dallas e pedi pra você ler seu blogue pra mim. Fiquei tão empolgada que fomos parar na Palestina! Hahahaha

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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