Quando viajamos de carro, não gostamos muito de enfrentar curvas fechadas. As curvas suaves são mais prazerosas de se fazer e também mais seguras. Porém, gostaria de chamar a atenção para o caso de curvas muito suaves que poderemos fazer na vida e que são tão discretas e longas, que não notamos que o trajeto que estamos fazendo nos traz para o mesmo lugar onde estávamos antes. Na vida espiritual é assim; muitas vezes entramos em uma curva do mundo tão suave, que não percebemos que estamos dando a volta e retornando ao ponto de partida anterior à nossa conversão a Cristo. Isso porque a curva é tão discreta e suave, que nos impede de perceber o retrocesso espiritual. “Se morrestes com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, por que vos sujeitais ainda a ordenanças, como se vivêsseis no mundo?” é o que nos mostra Colossenses 2:20.
Imaginem estarmos dentro de um grande avião que saia de Recife, por exemplo, para chegar a Lisboa. Nesse trajeto atravessaremos o oceano Atlântico. Você sentado confortavelmente dentro do avião, à noite, não consegue, pela altura e abertura da janela, perceber caso o piloto depois de algumas horas de vôo resolva voltar. Ele faria uma curva tão suave que não teríamos condições de sentir essa curva. O mesmo aconteceria num imenso navio se ele fizesse uma curva de retorno.
Esse é um perigo que corremos no dia a dia da nossa vida espiritual. Somos envolvidos em tantas situações, que de tão “naturais” que nos parecem, podem fazer com que nos afastemos dos ideais e das leis de Deus. Começamos a não sentir a “curva secular” que nos atinge. Essa volta é demasiadamente suave e enganosa, pois não nos leva a Deus, mas nos afasta d’Ele. Incrivelmente, vamos, quase que inconscientemente, aceitando como certas as direções erradas; e isso nos leva ao engano. “Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” Colossenses 2:8
Enquanto não conhecemos a Deus , com certeza andamos em direções e curvass erradas, como a palavra traz em Gálatas 4:3: “Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos rudimentos do mundo”. Até aqui não tinhamos o GPS espiritual que é o Espírito Santo, que nos guia, e por isso andávamos errantes, passando de desertos em desertos sem nunca aproveitarmos o oásis celestial que Jesus Cristo nos proporciona.
Porém, quando entregamos a vida a Cristo, recebemos em nós o Espirito Santo que nos guiará e nos alertará que, muitas vezes, podemos pegar caminhos que nos trazem de volta ao período de cegueira espiritual. E o que pode atrapalhar o nosso caminhar? Tantas coisas; penso que a busca da felicidade é algo que confunde muito, pois no desejo ardente de tê-la, procuramos dinheiro, outra pessoa para vivermos juntos, músicas, viagens e tantas outras coisas que nos fazem desviar da Cannã Celestial. Mas, devemos esquecer de tudo? Não; podemos desfrutar de tudo, porém consultando a Deus em tudo. O apóstolo Paulo falou em I Corintios 10:23: “Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” O que me edifica? Será que o caminho que eu trilho agrada ao Senhor?
Quando nos convertemos, começamos uma viagem como peregrinos e essa viagem tem destino final; a nova Canaã. Que possamos, então, trilhar pela estrada da vida, desviando ao máximo dos buracos do mundo, sabendo que, como Jesus nos alertou, cairemos em alguns, mas levantaremos, bateremos o pó da roupa, e seguiremos em frente. Agora, pensem em como os navegadores, por muitos séculos, se guiaram no mar em suas viagens pioneiras: olhando para as estrelas. Olhar para as estrelas nos remete a olhar para o céu, pois é do alto que vêm as nossas respostas. E você? Tem olhado para o alto a procura do caminho? Ou está fazendo uma curva de retrocesso?
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