terça-feira, 16 de novembro de 2010


       INOVAÇÃO /BIODIVERSIDADE

    Nossa Biodiversidade é propalada aos quatro cantos como a maior do mundo e estimam o seu valor em trilhões de dólares. Não tenho idéia de como se chega a esse valor, porém acredito, pois a floresta detém preciosidades a serem exploradas. Podemos compará-la ao nosso petróleo do pré sal, possui um grande valor econômico quando retirado das profundezas. Enquanto isso, as florestas são um almoxarifado de boas idéias, porém, fechado ao uso. E não devemos pensar num consumo predatório das espécies, mas sim estudá-las e encontrando um possível valor econômico explorá-las de maneira racional, gerando um novo meio de sustento para o pequeno agricultor. Essa biodiversidade só vai ter o valor estimado,  quando prospectada e estudada de maneira científica e ordenada, saindo das prateleiras de trabalhos científicos da academia para as prateleiras do comércio em geral. Entretanto, nunca devemos pensar em vender toneladas e toneladas de matéria prima in natura e sim produtos melhorados, no mínimo extratos padronizados com os quais aumentaremos o valor agregado. Chega de trocarmos “espelhinhos” pelas nossas riquezas. Que possamos começar um novo ciclo no Brasil, o ciclo da Biodiversidade.
   Mas o que falta para conseguirmos isso? Cientistas? Equipamentos? Não, temos tudo isso.  Penso que o que precisamos, e com urgência, são decisões. O Brasil é pródigo em cientistas, “os atletas da ciência”. E quem precisamente precisa tomar essas decisões? Penso que principalmente os empresários do setor farmacêutico e cosmético. Pude trabalhar na Hebron onde o principal acionista, Josimar Henrique é, e sempre foi, um entusiasta dessa área. Pudemos lançar pela empresa dele diversos produtos fitoterápicos.  O Hebron foi pioneiro nessa área, com Giamebil,  Kronel,  etc... Estive depois no Aché onde lançamos produtos como o Acheflan um case nacional, e nesse ano entrou no mercado, também pelo Aché, o Sintocalmy;  uma modificação dos extratos da Passiflora. Por que essas empresas fizeram isso e conseguiram? Porque ousaram. Se no Hebron há o Josimar,  no Aché havia o Victor Siaulys, um dos sócios e um homem de visão, que acreditava no potencial da nossa biodiversidade.
   Hoje tenho um laboratório de pesquisas, o Kyolab, onde coordenamos o estudo do AM10, produto para câncer que está na fase II (clínica) em vários hospitais. E o interessante nesse estudo novamente é a decisão. Decisão de um empresário, o Sr. Everardo Teles, dono do grupo Ypioca, que resolveu investir porque acreditava. Esse estudo propiciou também a descoberta de uma molécula com ação antiinflamatória e analgésica que deve entrar em estudos clínicos ainda esse ano. Qual é o segredo? Vamos repetir para que fique bem fixo na memória: DECISÃO.
   Muitos se esquecem das origens dos medicamentos, a começar pela nossa aspirina. Não devemos nos esquecer de produtos para câncer largamente utilizados como o Taxol, Vincristina, Vinblastina, Campocitecina;  moléculas isoladas de plantas medicinais. E no auge da gripe suína, qual é o produto que surge milagrosamente? O Tamiflu, resultado do isolamento da molécula do anis estrelado. Portanto, qualquer virada torta do nariz pelas pessoas contrárias aos fitomedicamentos se deve ao total desconhecimento do que o mundo utiliza.
   Alguns mitos que são gratuitamente incentivados pelos detratores dos fitomedicamentos são facilmente destruídos, por ex:
a-      Os fitomedicamentos têm ação demorada. Eles não conhecem a ação da morfina extraída da papoula.
b-      Os fitomedicamentos não são usados para tratamento de doenças graves. E o taxol usado no tratamento de câncer? A digitoxina ou digoxina para o coração?
Esses dois exemplos mostram o quanto os fitomedicamentos são utilizados e quanto eles são importantes. A única questão que pode ser levantada é a seguinte: Eles não são mais vegetais porque as substâncias foram isoladas. Ora, o isolamento das substâncias e seu uso puro aconteceram pela observação do uso folclórico, após o qual vieram os estudos chegando-se aos princípios ativos isolados, porém sua origem permanece.
   Diante disso tudo podemos ter uma visão otimista das nossas possibilidades. Como o pré sal, o uso desses futuros fitomedicamentos e cosméticos só será possível depois que este precioso material jorrar das torres do conhecimento científico e for refinado pelas cabeças pensantes verde- amarelas. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário