Realmente Livre

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.

João 8:32

Ao ler, alguns anos atrás, uma entrevista com a escritora chinesa Xinran Xue, pude perceber algo que não imaginava que existisse: o fato de alguém não saber o significado da palavra liberdade. Em uma parte da entrevista ela comenta que ao conversar com uma camponesa da região de Hunan (região onde nasceu Mao Tsé-Tung), ela pergunta sobre liberdade e a mulher não entende o que essa palavra significa. A escritora, então, tenta de alguma maneira explicar essa palavra; vejam a citação e o resultado da tentativa da escritora: "Bem, liberdade é você ter o direito de contrariar o seu marido quando você acha que ele fez algo errado. Liberdade é você ter o direito de dizer: ‘Eu quero algo para mim, não para o meu marido ou para os meus filhos – um vestido bonito, uma comida gostosa ou um dia de descanso’". Achei que, colocando desse modo, ela fosse entender. Em vez disso, olhou para mim e respondeu: "Que mulher tola você é! Isso não existe". Era algo inexistente para a pobre camponesa.

A mesma situação ocorre quando tentamos explicar a liberdade que acompanha o conhecimento da verdade que é Jesus. Mesmo os discípulos que o conheciam e viviam com Ele não entendiam, na continuação de João 8 versos 33 e 34 podemos ver que eles tiveram dificuldades com essa expressão: “Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado”. A camponesa que mora num pais sem liberdade básica, como a possibilidade de ir e vir, não conseguia entender o sentido básico também que essa palavra traz. E os discípulos, que entendiam a liberdade de ir e vir, não entendiam a mensagem contundente que Jesus mostrava, de sermos livres do pecado que é o comandante das ações daqueles que não são livres espiritualmente. 

Essa explicação de liberdade ainda é muito difícil de ser entendida por muitos. Quando falamos do amor de Cristo e o que isso significa na vida das pessoas, muitos dizem: “Eu sou bom, faço tudo correto por que precisaria de Cristo?”. Não conseguem entender a “prisão” em que vivemos num mundo onde “ilusoriamente” somos livres. O Apóstolo Paulo sabia muito bem que essa liberdade do pecado, do erro e da morte espiritual é uma batalha diária, e ele fala em Romanos 7: 15-20: “Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está. Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim”. Paulo deixa claro nessa passagem a “falta de liberdade” interior espiritual para decidir fazer o bem que gostaríamos. O sentido de liberdade democrática, importante e que deve ser buscado, não se compara ao sentido da liberdade espiritual daqueles que morreram para o pecado e nasceram para uma vida repleta com Jesus. Dessa maneira, milhares de homens presos, literalmente, em prisões pelo mundo podem ser livres espiritualmente, quando são libertos da força do pecado que os levou à prisão ao entregarem suas vidas ao verdadeiro libertador das nossas almas Jesus Cristo.

A prisão não são as grades, e a liberdade não é a rua; existem homens presos na rua e livres na prisão. É uma questão de consciência.

MAHATAMA GANDHI.